Você faz toda a diferenca!

terça-feira, 5 de junho de 2007

Pergunta de menino

 Nós estávamos ouvindo Lionel Richie que eu amo de paixao e preparando os convites para o aniversário dele que será exatamente daqui a vinte dias, quando ele me detonou essa pergunta: Mamae, o que é câncer? - respirei fundo e lhe perguntei: - como assim? Você quer saber sobre o seu signo Câncer.? É isso o que você quer saber? - Nao, quero saber sobre o câncer, a doenca.

Gente. Nao teria outra coisa mais fácil de se perguntar, nao? Como pode menino interromper um momento daquele com uma pergunta dessa? Entao expliquei-lhe que essa é uma doenca muito difícil. Que dá muito trabalho aos médicos e que muitas das vezes os médicos nao conseguem achar um remédio que seja mais forte que a doenca. Que essa doenca gosta de se esconder quando vamos ao médico e quando ela resolve aparecer, muitas das vezes já é tarde, que o nosso corpo está tao doente que os médicos nao encontram mais um remedinho forte o suficiente para ajudar na cura. Ai, menino fez a segunda pergunta:
- Mamae, crianca também pode ter câncer? - eita que hoje é dia de bomba, pensei. Respondi a ele que sim. Que geralmente as criancas já nascem com o câncer e entao eu lhe perguntei o porquê dele estar tao interessado sobre aquela doenca. Entao ele me explicou:
- É que eu vi aqui na nossa cidade que eles estao juntando dinheiro para operar um menino chamado Max que está com câncer e ele na foto estava sem cabelo, mamae e eu fiquei triste de ver o menino sem cabelo.

Pois é, menino que já sabe ler, menino que observa tudo, mais até que a mae, chega em casa com esse tipo de pergunta. A Isli, que estava ligadinha ouvindo tudo isso me falou depois: - Pôxa, tia! se fosse eu teria medo de querer saber sobre uma doenca dessa. Eu expliquei a ela que outras perguntas virao, mas que eu fico contente que ele me pergunta, que ele traz as dúvidas dele para serem tiradas em casa. E que eu tento responder o mais simples possível e sem deixá-lo com medo, pois a vida por si só já passa muitos medos prá gente. Pai e mae, nao precisa fazê-lo. Eu falei a ela também que o Daniel, por exemplo, aprendeu a andar de bicicleta no cemitério que tem aqui pertinho de casa. Vocês precisavam ver o olho dela arregalado de medo. Sim, no cemitério. Por aqui, os cemitérios sao lindos com ruas largas e arborizadas. Se você nao tiver medo, pode clicar aqui para ver uma foto. Expliquei a ela que uma vez quando ele tinha uns 4 anos de idade ele me perguntou:
- Mae, quem mora aqui nessas casinhas tao pequenas? E ai, eu lhe contei que quando a gente morre, o nosso corpo já sem vida, vem e fica aqui, mas que o nosso sorriso sobe junto com um anjo enviado por Deus, para morar com ele entre as nuvens. Ele me disse naquela época:
- Entao se você morrer, você vai continuar me vendo todos os dias? - respondi a ele que esperava que sim, mas que ele nao poderia mais me ver, só em fotos, e que era por isso, que eu fazia muuuuuitas fotos para ele nao ter tantas saudades assim de mim. Nunca mais conversamos sobre o assunto morte até a pergunta de ontem. Enquanto eu conversava com a Isli sobre isso, ele se meteu várias vezes na conversa contando prá ela quando ele estava aprendendo a andar de bicicleta no cemitério e que lá é lindo e que ele já até escolheu uma linda pedra para colocar na casinha que eu vou ter lá, pois mamae, disse ele, gosta muito de pedras. Sabe, de certa forma, fiquei satisfeita com o que eu ouvi dele. Foi assim mesmo que desejei para ele e logo a Viviane também estará aprendendo. Que a morte nao deve doer nele mais do que ela precisa ser. Por isso também, eu digo a ele todos os dias que EU O AMO. Pois, o meu AMOR é uma certeza que o acompanhará todos os dias.

Quero que ele saiba que somente meu corpo estará ali, mas que meu sorriso, minhas gargalhadas altas estarao nas nuvens todas às vezes que ele pensar em mim.
Ajustem as suas saias, pois quem sabe você terá que responder coisas assim para seus filhos ou netos.

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