Todo mundo por aqui sabe o quanto o nascimento dos meus filhos foi marcante em minha vida.Mas na minha infância tenho algo que foi marcante e geralmente quando tenho algumas situacoes de confronto, me lembro daquela situacao.
Meu pai me levava na garupa da bicicleta para a escola quase todos os dias. Quando ele tinha que trabalhar no quartel militar, pois ele era cozinheiro no 2° Batalhao em Botafogo, no Rio de Janeiro, entao minha mae me levava de ônibus. Mas nao era a mesma coisa.
Era maravilhoso sentar na garupa e deixar meu pai pedalar e o vento fresco ou às vezes frio bater em meu rosto.
Certo dia meu pai me falou que nós precisávamos treinar como eu sozinha poderia atravessar às ruas de uma grande cidade. Gente, eu gelei. Morria de medo dos carros, das buzinas e da velocidade com que eles dirigiam. Meus olhos ficaram cheios de lágrimas, mas meu pai fingiu nao ver.
Encostou a bicicleta no muro, passou o cadeado e me pegou pela mao; Primeiro me levou até o sinal, ali foi fácil, eu teria que esperar ficar vermelho para os carros e verde para mim. Mas ele veio logo dizendo que iríamos treinar atravessar a rua sem sinal. E ai, eu nao agüentei chorei ali mesmo e disse que nao iria atravessar rua nenhuma. Ele me deixou chorar e ficou olhando os carros. Depois ele me disse: Conte apenas números, respire fundo, vamos fazer primeiro juntos e depois você vai fazer sozinha. Minhas pernas de saracura tremiam.
Me lembro que ficamos ali muito tempo treinando o vai e vem. Quando ele achou que eu estava pronta, me disse que no dia seguinte eu viria sozinha à escola. No dia seguinte, mesmo com muito medo, consegui fazer tudo como meu pai me ensinou. Quando cheguei do outro lado, meu pai estava lá me olhando. Eu sequer o tinha visto. Me abracei a ele e bem orgulhosa de mim disse que tinha conseguido.
Ele me disse que tinha vindo me ver e que agora ele podia ir tranqüilo trabalhar, pois ele sabia que eu iria conseguir também os outros dias sozinha.
Fazendo parte da blogagem coletiva proposta pelo blog Vidas Linha.
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